A saúde começa pelos dentes
Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mais da metade dos brasileiros (58%) não escova os dentes de forma correta
Além de problemas bucais propriamente ditos, como cáries, gengivite e periodontite, a má higiene pode levar a uma infecção bucal, com consequências em articulações e até mesmo no coração. A própria ausência dos dentes provoca uma deficiência na mastigação, podendo provocar problemas no estômago e intestino. Para a Dra. Ivany Kabbach, professora do curso de Especialização em Dentística Restauradora do CETAO SP, a escolha da escova e limpeza correta dos dentes é o primeiro passo para uma boa higiene oral.
A ESCOVA IDEAL
A cabeça da escova deve ser pequena e arredondada para alcançar qualquer região da boca. As cerdas devem ser macias, flexíveis e de pontas arredondadas, permitindo a higienização dos dentes sem desgastá-los, e da gengiva sem machucá-la. Cerdas duras podem provocar retração da gengiva e abrasão (desgaste dos colos dos dentes) seguida de sensibilidade. Cerdas da mesma altura são as mais indicadas, pois penetram facilmente no sulco gengival, local de maior acúmulo de placa bacteriana. O cabo da escova deve ser confortável ao manuseio, podendo ser emborrachado.
ATENÇÃO: Pacientes especiais, com algum tipo de dificuldade motora, podem fazer uso de escovas elétricas. As crianças contam hoje com escovas de tamanhos e formas direcionadas para cada idade. Pacientes com problemas na gengiva, com próteses fixas (antigamente conhecidas como dentaduras) ou que utilizam aparelho ortodôntico devem ter a higienização complementada com escovas interdentais e escovas unitufo. Existem também escovas apropriadas à limpeza das próteses totais e removíveis. Cabos flexíveis podem ser indicados às pessoas que fazem muita força ao escovar.
MANUTENÇÃO E CUIDADOS COM AS ESCOVAS
Depois da escovação, deve-se fazer a limpeza da escova com água corrente para remover qualquer resíduo de creme dental. Também podemos lavá-la com uma solução enxaguatória bucal, secar com toalha de papel e guardar no armário ou outro local protegido de poeira e insetos. Antes de usar novamente, é importante lavar com água corrente. Para uma boa conservação, as escovas devem ser mantidas limpas e secas, pois as bactérias gostam de ambiente úmido para se desenvolverem.
ESCOVANDO OS DENTES CORRETAMENTE
Para uma escovação eficiente deve ser criada uma padronização. Podemos, por exemplo, começar a escovação pela arcada superior do lado direito, escovando todas as superfícies de cada dente, e vamos avançando até o último dente do lado oposto. Só então escovamos a parte inferior, seguindo o mesmo trajeto. A região que deve receber maior atenção é o sulco gengival, que tem maior acúmulo de placa bacteriana.
HORÁRIOS DA ESCOVAÇÃO
A escovação deve ser realizada após todas as refeições: café da manhã, almoço, jantar, mas a principal escovação deve ser antes de dormir. Esta deve acompanhar o uso do fio dental e é necessário um tempo maior de escovação em cada área. Esse cuidado é necessário porque, durante o sono, há diminuição da quantidade de saliva e maior acúmulo da placa bacteriana.
Quando trocar a escova?
Sempre que as cerdas estiverem apresentando algum tipo de deformação, quando já não higienizam adequadamente e ainda podem prejudicar a gengiva. De um modo geral, isto ocorre entre 60 e 90 dias.
A saúde bucal do bebê
A preocupação com a saúde dos bebês é permanente. A alimentação correta, a hora de começar com as papinhas, o banho, os cremes... São tantos detalhes que a saúde bucal às vezes passa despercebida. A partir de que idade se deve dar atenção à boca do bebê? Antes mesmos dos dentes?
O Prof. Dr. José Eduardo de Oliveira Lima, professor da USP e odontopediatra da TopDent, diz que, embora nos primeiros meses de vida a alimentação da criança seja à base de leite materno, parte dos pais costuma higienizar as gengivas do bebê com algodão, cotonetes ou algo similar. O odontopediatra alerta, porém, que esses artifícios não têm nenhum tipo de eficácia comprovada e pode até comprometer a saúde bucal. “Nesses primeiros meses não há necessidade de realizar qualquer tipo de higienização, uma vez que o equilíbrio biológico da boca é preservado por meio da amamentação materna que garante boa imunização e a satisfação das necessidades físicas e emocionais do bebê. Qualquer instrumento, material ou substâncias industrializadas na cavidade bucal pode levar a algum tipo de contaminação, prejudicando a saúde do bebê”, alerta o Dr. José Eduardo.
Pasta, escova e odontopediatra: quando é a hora?
Em média, a partir dos seis meses de idade surgem os primeiros dentinhos. Portanto, diz o especialista, aconselha-se que criança comece a ser levada ao consultório odontológico nessa idade, para que os pais recebam orientação sobre os melhores produtos para higiene bucal diária. Com as instruções do odontopediatra, a criança pode começar a utilizar produtos para a higienização da cavidade bucal, mas com ressalvas. A primeira escova, por exemplo, deve ser sempre muito macia e com milhares de cerdas. “Existem três dentições: a decídua, mista e permanente. Para cada uma delas existe uma escova mais adequada em função do tamanho dos dentes e da cavidade bucal. Essa mudança de escova ocorre em função do conforto do usuário e da orientação do especialista”, conclui.
Fonte: ABCFARMA